quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nomenclatura dos Toques da Castanhola e Origens das Castanholas




No vídeo La Morita ao lado do violonista Fabiano Zanin numa demonstração de toda sua maestria em castanholas.


Estudar Flamenco é muito mais que estudar o baile. É acima de tudo, mergulhar num universo musical completamente único. Sabemos que hoje, o flamenco é reconhecidamente patromônio imaterial da Humanidade mas sem, dúvidas que temos muito a conhecer desta Arte. No entanto, ao estudar uma Dança, em especial a Flamenca, todos deveríamos ter por base a musicalidade. 

O estudo das castanholas permite uma imersão aos conceitos rítmicos desta modalidade permitindo aos estudantes e artistas maior intimidade com a música. Todo bailarino deveria estudar um instrumento musical. No Flamenco, este instrumento é a castanhola.

Nomenclatura dos Toques da Castanhola

PI- *GOLPE COM OS DEDOS MÉDIO E ANULAR DA MÃO DIREITA

A - GOLPE COM OS DEDOS MÉDIO E ANULAR DA MÃO ESQUERDA

TA- GOLPE COM OS DEDOS MÉDIO E ANULAR DE AMBAS AS MÃOS AO MESMO TEMPO

TI (POSTICEO) - CHOQUE ENTRE AS CASTANHOLAS

RI (CARRETILLA) - DEDILHAR DA MÃO DIREITA ( iniciando pelo dedo mínimo)

*GOLPE (Batida na castanhola)




TOQUE DAS CASTANHOLAS E OS PALOS FLAMENCOS

Pasodoble - A-RI-A

Jota - A-RI-A-TA

Bulerías - TA-TA-A-RI-A-TA

Sevillanas - RI-A-RI-A-PI-A

Entrada das quatro*coplas: A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

Variação da 1ª copla: A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

Variação da 2ª copla: A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

Variação da 3ª copla: A-RI-A-A-RI-A-RI-A-PI-A

Variação da 4ª copla: A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

Final das coplas: A-RI-A-TA

* COPLAS (Versos)




SEVILLANAS (Toque das Castanholas)

1ª COPLA

A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 13 vezes)

A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 13 vezes)

A-RI-A-TA


2ª COPLA


A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 7 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 9 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 11 vezes)

A-RI-A-TA

3ª COPLA

A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 5 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-RI-A-PI-A ( 3 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 3 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A ( 2 vezes a frase inteira)

A-RI-A-TA

4ª COPLA

A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A

RI-A-RI-A-PI-A ( 11 vezes)

A-RI-A-A-RI-A-TI-TA-A-RI-A-PI-A-RI-A-RI-A-PI-A ( 11 vezes)

A-RI-A-TA



O FLAMENCO E A ORIGEM DAS CASTANHOLAS 

Acredita-se que a castanhola, instrumento da classe dos idiófonos, é um dos instrumentos musicais mais primitivos da história da humanidade, aparecendo com variações de formas e materiais em diferentes continentes.

De origem fenícia, os “crotalos” foram utilizados no Antigo Egito e Grécia, como se pode constatar através de estudos arqueológicos, a presença em desenhos e pinturas do ano 3.000 a.C. com homens e mulheres dançando e empunhando objetos levemente torcidos.
Outros estudos apontam que a verdadeira origem da castanhola é a “crusmata” ibérica, formada por peças de madeira, conchas marinhas, ossos, marfim ou pedras planas, as tarrenhas. Os músicos e bailarinos as faziam soar sustentando as peças entre os dedos, e até hoje se pode encontrar em alguns “pueblos” pessoas que utilizam pedaços de telhas ou outras sucatas para tocar “tarrenhas”.

A castanhola Espanhola é a única que evoluiu através do tempo, se transformando lentamente, adaptando-se às necessidades dos intérpretes até adquirir a forma ideal para a execução de ritmos e de técnica elaborada que acompanham o canto e o baile. 


O século XVIII pode ser considerado o auge da castanhola espanhola, pois o virtuosismo surge com modificação da forma de tocar, sendo sustentada agora, nos dedos polegares. A motivação dos salões de baile para se dançar o bolero, as “seguidillas” e os fandangos, acompanhados sempre do ritmo das castanholas, contribuiu para a valorização do instrumento que foi incorporado pela arte flamenca e se tornou um de seus elementos mais significativos.

Dentre os mais importantes intérpretes das castanholas estão: Angél Pericet, Antonia Mercé (La Argentina), Vicente Escudero, Encarnación Lopez (La Argentinita) e Carmen Amaya. Esta última, conhecida como “A Rainha dos Ciganos”difundiu pelo mundo a beleza do Baile Flamenco, que tem no toque das castanholas seus momentos de profunda beleza e técnica.

La Morita é a mais importante intérprete da castanhola na América do Sul e em suas aulas, além do sapateado, da expressão corporal e das coreografias de diversos ritmos flamencos, a professora ensina o toque de castanholas.
 

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