quarta-feira, 19 de junho de 2013

Depoimento de Beatriz Siqueira Becker Ramos sobre La Morita



“O tempo em que dancei com La Morita foi uma das melhores épocas da minha vida. Ela é uma estrela, brilhando bem na nossa frente... tive o privilégio de vê-la não apenas dançar, mas também coreografar, assim, bem diante dos meus olhos! É mágico tudo isso, assim como é mágico o Flamenco... La Morita será sempre para mim a própria Arte Flamenca personificada. Essas palavras são de todo coração...”




Beatriz Siqueira Becker Ramos interpretou o papel da noiva da obra "Bodas de Sangre" em 1997, no espetáculo "Poemas de La Dança Flamenca" em homenagem a Federico Garcia Lorca.



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

La Morita - Vídeos

Dois vídeos que trazem La Morita em cena, como bailaora ao som da guitarra de Fabiano Zanin para que possam apreciar o mais puro Flamenco Andaluz com "nuestra grand maestra".

Apreciem!







sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Arte da Coreografia na Dança Flamenca

La Morita 


Uma coreografia é arte de compor trilhas ou roteiro de movimentos que compõem uma dança. No Ballet Clássico ela é composta por um grupo de movimentos mais padronizados, na dança moderna os movimentos são mais livres e na dança contemporânea há quase uma quebra do conceito de coreografia já que, ao contrário das outras duas os movimentos são tão livres que nem sempre há uma representação gráfica.
A coreografia serviria portanto para descrever a dança que será executada.
Sendo o Flamenco uma manifestação cultural bastante ampla, a coreografia é especialmente um desafio pois o coreógrafo deverá ter domínio de todos os elementos para compor esta escrita.  

La Morita desenvolve este trabalho durante toda uma vida de vivência Flamenca.
Atualmente, um dos trabalhos que lhe foram solicitados é para a Escola Municipal de Bailados da cidade de Ourinhos, estado de São Paulo. Este trabalho coreográfico executado por La Morita junto ao Corpo de Baile Municipal Itinerante da Escola Municipal de Bailado, representará esta Escola em renomados Festivais de Dança, do Brasil e do Exterior.
La Morita é uma estudiosa do Flamenco, é muito mais que uma Maestra, é um ícone do Flamenco mundial e seu trabalho como professora e coreógrafa merece ter esse prestígio em nosso País.
É muito importante para quem estuda com seriedade tanto o Flamenco como o Ballet Espanhol ter um suporte técnico e referência como La Morita, pois isso possibilita que seu trabalho também tenha qualidade e representatividade.
La Morita reside em Curitiba , no entanto desenvolve trabalhos de coreografia e ensino da Dança Flamenca em vários estados brasileiros. É uma excelente opção para quem quer estudar o Flamenco autêntico, em sua plenitude, de uma fonte altamente confiável e experiente.

Foto do arquivo de fotos da Escola de Flamenco de La Morita, em Curitiba/PR

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O delicado rosto do Flamenco - Entreverbos


         Uma pequena argentina em seu andador, balançava os pés e as mãozinhas todas as vezes que escutava música flamenca no rádio. Essa pequena argentina cresceu, se chama Amália Moreira, uma distinta senhora de 67 anos, que ao dançar, se transforma em La Morita, uma das pessoas responsáveis por trazer a dança flamenca para o Brasil.




La Morita, de estatura mediana, longos cabelos negros e olhos marcantes, sentou-se em seu estúdio da dança, com grandes espelhos e imagens ligadas a Espanha e ao flamenco para contar que a dança foi algo que veio com ela de nascença. “Comecei a dançar com oito anos na Argentina, mas a dança nasceu comigo, minha mãe dizia que quando tocava musica espanhola no rádio eu balançava as mãozinhas e sapateava no andador.” Quando fez cinco anos, Amália foi levada por seu pai para assistir a uma apresentação no Teatro Avenida em Buenos Aires. “Ele disse que enlouqueci, foi um tipo de espetáculo chamado de Romerias, que também existiam aqui no Brasil, em cidades maiores como Rio e São Paulo.”

Após a apresentação, o pai de Morita prometeu, que quando chegasse alguma professora de dança espanhola ao bairro, ela faria as aulas. Mas devido ao preconceito da época, seus pais relutaram em colocá-la na dança quando a professora chegou. “Eu chorava todos os dias e sofri mais três anos pedindo para aprender.”


Ela conta que começou a fazer danças espanholas e para se aperfeiçoar fez dança clássica no Teatro Cólon, em Buenos Aires. Esse foi o ingresso da dançarina para começar uma carreira artística pois logo começou a trabalhar em uma academia de dança. “Um dia me chamaram para cobrir o lugar de uma moça em um balé espanhol e foi assim que comecei neste teatro”. A partir daí, La Morita foi se aperfeiçoando e com muita dedicação conseguiu se tornar uma profissional de arte. “Você pode dizer que é um profissional da arte quando consegue se sustentar com ela. Eu comprei minha casa, manti minha família, e agora estou aqui, dando aula, trabalhando com arte”, ressalta.

O flamenco desembarca em Curitiba

Faz 28 anos que Amália trouxe a dança ao país. ”No Brasil, só se implantou a dança flamenca quando nós chegamos, eu e meu marido”. Sua vinda para o país foi inesperada. Durante um intercambio cultural com o Paraguai grupo de balé do qual Morita era contratada, acabou ficando preso na cidade devido ao assassinato de uma moça. Na mesma época, foi declarado estado de sítio por causa da guerra, assim as fronteiras foram fechadas. “Quando o problema se resolveu, conhecemos um empresário que nos trouxe a Curitiba. Conhecemos o cônsul da Espanha na cidade e ele nos contratou para algumas apresentações”.



Devido a um problema de saúde Amália, que havia casado recentemente com Santa Ana, acabou ficando em Curitiba. “Fiz o tratamento com um médico daqui, logo nasceu minha filha, e por isso fiquei em Curitiba, ela é curitibana”. La Morita e seu marido Santa Ana, falecido em 93, abriram a Casa de Balé Flamenco La Morita y Santa Ana, que funcionou por muitos anos no Largo da Ordem. Devido a alguns problemas, Amália acabou tendo que deixar o local. “A casa era muito antiga, precisava de reformas que os donos do imóvel não conseguiriam bancar, então acabou sendo vendida e se transformou em um restaurante. Fico feliz em saber que pessoas com dinheiro conseguiram conservar a casa”, destaca.
No momento a dançarina dá aulas no colégio Barão do Rio Branco, em um espaço reservado para ela. “Foi incompatível ficar em qualquer escola de dança, temos que ficar isoladas já que o flamenco é uma dança barulhenta, com muito sapateado. Aqui não incomodamos ninguém, e ninguém nos incomoda”. Isso foi possível graças a um acordo que a professora fez com o colégio. Durante a semana, La Morita dá aulas particulares, e ás sextas sua atenção se volta para alunos carentes que têm aulas de graça, vinculadas ao projeto Amigos da Escola.
As aulas da professora recebem boas críticas das alunas Anita Maria da Costa Felix e Juliana de Araújo Bumbeer. “Escolhemos justamente a professora Morita por saber de toda a vivência que ela tem. É temos uma admiração profunda por ela e posso garantir, que se eu tenho uma diva, sem exagero, é a La Morita”, afirma Juliana.
La Morita e seu marido trouxeram o flamenco para Curitiba.

Semeamos muito, hoje todos que você vê por aí, dando aula de flamenco foram meus alunos”, diz animada.



Uma dificuldade envolvente
Tamara De La Macarena - filha de La Morita e Sant Ana

Segundo Amália, a dança flamenca é muito complexa. “Está muito envolvida com a cultural espanhola e o que se dança em uma região da Espanha, não é o mesmo que se dança em outra”. O flamenco foi influenciado por culturas como a indiana e a judaica. “Dançamos o flamenco que vem da Índia, misturada com a dança árabe, mas quem colocou o tempero da dança foram os ciganos que chegaram ao sul da Índia”, explica.
Atualmente a dança é muito estudada, sendo considerada uma ciência, se tornando curso universitário em Granada na Espanha. “O flamenco é difícil de interpretar, porque além de ritmo, talento, perseverança, você precisa tocar um instrumento e sapatear.”.
Nesse aprendizado, também está envolvida a castanhola, que ao contrario do que muitas pensam, não teve sua origem na Espanha. “Datam da época de cro-magnon e se tornaram um instrumento importante para a dança flamenca”, afirma Morita. “O verdadeiro flamenco não é com castanholas, já que elas foram implantadas na década de 30, mas atualmente não podemos dizer que dançamos o flamenco original”. Para a dançarina, hoje em dia, se dança o flamenco de turista. “A mulher não e mais feminina, sapateia como homem, não tem a feminilidade que tinha antes”, afirma.
As apresentações da dança espanhola giram em torno de uma história que tem início no século 16. “Com a falta de luz elétrica, o homens se reuniam em tavernas, bebiam e conversavam. No local, havia uma mulher, a prostituta, e um cavalheiro que tocava guitarra, enquanto o guitarrista toca, os bêbados cantam e a prostituta dança, é o trio perfeito”. Toda a temática do espetáculo gira em torno deste universo.
O flamenco é carregado de histórias e de cultura, além de ser muito envolvente, para Juliana, a dança atrai por ser completa. “É maravilhosa, pra mim ela é completa, tem música, expressão, trabalha a individualidade. No flamenco, cada dançarina é única.”

As últimas frases de Amália foram as seguintes: “Não existe nada na dança que eu não goste, posso ficar aqui mais 2 horas falando bem do meu flamenco, e acabaria com as pilhas de seu gravador. Nasci com o flamenco em mim, ele me motiva, é uma relação muito forte. Quero que venha dançar comigo para entender o que eu estou falando.”

Como suas alunas disseram, La Morita é uma mulher flamenca, ela é o rosto que representa a dança no país.

(matéria publicada na Entreverbos, revista-laboratório do curso de Jornalismo da Facinter - Ano 2 - nr 10 - 10, 14 e 26 de maio de 2012)

A História do Flamenco no Brasil com a vinda de La Morita e Sant Ana




Na infância, em Buenos Aires, quando ouvia música espanhola, Amália Moreiras - La Morita -  punha-se a dançar. O hábito foi "agravado" aos oito anos, quando começou a ter aulas de dança e talvez não soubesse o rumo que os primeiros gingados infantis tomariam. 

Hoje,  a bailarina conhecida como La Morita olha para trás e vê a representatividade que tem como pioneira no ensino de flamenco e uma das únicas mestras a ministrar aulas de castanholas no Brasil.

Depois de tanto tempo de dedicação à dança artística espanhola, La Morita mostra sua sapiência ao explicar alguns ajustes que só o tempo pode fazer.

 "O flamenco, quando se é jovem, é pura energia. Quando se é velho, é sabedoria. Uma coisa é dançar, outra é saber dançar. Repetir é fácil, mas há que entender."

Intrinsecamente, talvez o ritmo já estivesse no sangue. Neta de espanhóis por parte de pai, La Morita chancelou a genealogia em 1963, aos 19 anos, quando formou-se em dança clássica na Escola Nacional de Danças de Buenos Aires. No entanto, o contato mais forte com o flamenco veio mesmo na Espanha, na secular Escola Bolera. 


A dedicação total à profissão, ela resume: "A dança flamenca é minha vida."

Em suas aulas, não abre mão de promover o ensino de como tocar castanholas, instrumentos criados há 4 mil anos. 

"São um acompanhamento imprescindível ao flamenco. Todos os meus alunos tocam castanholas. Não passariam vergonha na Espanha."



Formação com
Gades e Cristina Hoyos


Para virar maestra, ao longo da trajetória, La Morita recebeu aulas de Antonio Gades e Cristina Hoyos, conhecidos no cinema pela trilogia de Carlos Saura, que levou o Flamenco ao mundo "Amor Brujo", "Carmem" e "Bodas de Sangre".


"Eles foram famosos pelos filmes, mas tive muitos mestres tão bons quanto eles, como Rafael de Córdoba. Deles falo com orgulho porque são reconhecidos mundialmente."



Foi justamente na época em que os filmes estrelando a dupla tomavam as telas que a bailarina veio ao Brasil. "Aqui, só tinha danças espanholas populares, mas flamenco não tinha", relembra, enfatizando que aqui chegou por acaso. De Buenos Aires, parou em Curitiba para depois seguir ao México, onde tinha compromissos de trabalho.

Na capital do Paraná, ela decidiu ficar no Brasil, e engravidou do marido, o tocaor (guitarrista flamenco) Yoshka Santa Ana, espanhol de Sevilla e descendente de ciganos.


Foi em Curitiba que nasceu sua filha, Tamara de La Macarena, que dança desde os três anos. A cidade também foi o local escolhido para abrigar a primeira escola do ritmo espanhol no Brasil, a Ballet Espanhol Flamenco de La Morita y Santa Ana. Após a morte do marido, em um acidente de trânsito, em 1993, seu seguidor, Fabiano Zanin, acompanha La Morita e Tamara nas aulas na escola e nas apresentações que realizam.



Burocracia


Do Brasil, ela só tem agradecimentos.

 "Adoro essa terra. Consegui aqui tudo o que não consegui na Argentina", diz. 
No país de origem, La Morita atuou também como representante da Secretaria de Cultura de Buenos Aires por quase 20 anos. Hoje, lembrando os tempos em que figurava entre a política e a dança, ela não deixa de falar sobre as leis de incentivo à cultura no Brasil. 



"É interessante, mas existe muita coisa para ser arrumada. Há muita burocracia", analisa.
 A bailarina tem quatro projetos aprovados. Com um desses, gravou o CD "Mistérios del Flamenco".

Pela vivência, mesmo empiricamente dominando técnica e emoção, Amália reconhece:

 "O flamenco é muito complexo de aprender e ensinar". Os dançarinos de primeira viagem, ela tranqüiliza com a contrapartida que sentiu na pele, desde os oito anos: "Quem entra no flamenco não sai mais. Quem sai, é porque nunca entrou. É como uma droga".

Ao rememorar o passado, e mesmo analisando sua atuação no presente, La Morita reconhece que seu trabalho é um reforço a difusão da tradição, que além de ensinar também coreografa, para grupos que a contratam exclusivamente para o ofício.

 "Gosto de passar o que tenho comigo e não quero que se perca. Há muita mistura de dança clássica com flamenco; perdeu-se parte da essência; é apenas técnica", averigua, repetindo nas frases a mesma firmeza dos passos com os quais se tornou conhecida ao longo dos anos. (LC)



(parte da matéria publicada em A Notícia, de Florianópolis/SC, escrita por LUIZ CHRISTIANO)

Tamara De La Macarena - herdeira do legado cultural de La Morita



As aulas de Flamenco com Tamara de La Macarena e com sua mãe, La Morita, são para as pessoas que querem realmente compreender a Dança Flamenca e não meramente repetir coreografias como robôs, mas adentras no que diz respeito a Cultura Flamenca num todo. São especialistas que dedicam a vida ao ensino desta Arte.


Tamara de La Macarena

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Talento e Arte Transmitidos de Geração para Geração


Tamara de La Macarena




por Triana Ballesta

Filha da grande Maestra de Dança Flamenca e uma das mais conceituadas concertistas de castanholas do mundo com o grande guitarrista cigano Santana, Tamara de La Macarena se criou “nas coxias”, como ela mesma descreve, e mal se lembra de quando se deu seu início aos estudos da dança e cultura espanhola.

“Eu me lembro de participar das rodas de dança quando criança e aprender a contar os diferentes ritmos observando os pés do meu pai enquanto tocava guitarra”.

Tamara, como discípula de sua mãe, segue não apenas a didática como também a filosofia tradicionalista do Flamenco. E mesmo com tamanha influência tem seu estilo próprio de dançar, pois a arte tem como característica principal a expressão da personalidade do artista.

“Depois que se consegue chegar no movimento, a bailarina pode dar o toque do estilo flamenco para então acrescentar sua personalidade, pois ninguém vai dançar igual a ninguém uma vez que somos seres únicos.” (La Morita)

Tamara de La Macarena retornou á sala de aula depois de um período no qual se dedicou ao seu filho e ao seu curso de Pedagogia em tempo integral. Agora em parceria com sua mãe dá aulas de técnica flamenca ensinando os ritmos, postura, trabalho de braços, palmas, sapateado, etc. Enquanto La Morita segue com as coreografias dos principais bailes da cultura espanhola, como sevillanas, fandango, bulerias e outros.



A escola La Morita, como pioneira no Brasil, foi responsável pela formação da maior parte dos profissionais de dança Flamenca do país, principalmente em Curitiba, local onde se consolidou.

E mantem suas tradições lutando contra a descaracterização da dança em detrimento aos avanços do modernismo exacerbados. La Morita prima pela elegância e feminilidade que afirma estar se perdendo atualmente no cenário mundial.

“É importante que se crie novas formas de se dançar, novos estilos e novos passos, mas não podemos nos esquecer das raízes da dança flamenca para que nos sirva de base, respeitando sua história, cultura e tradição”. (La Morita).

Tamara diz que a arte está para além da técnica. Aprecia uma dança com maior expressividade no conjunto de figuras, braços, giros, sapateado e unicidade entre bailarina e músicos.




Para quem quer aprender com total segurança e confiança sobre a cultura e tradição espanhola, aprender a tocar castanholas e tomar um cafezinho, recomendo!

Triana Ballesta
(Triana Ballesta - Bailarina de Dança Oriental, aluna de Dança Flamenca de La Morita desde 2011, iniciando também seus estudos com Tamara de La Macarena.)